viernes, 27 de febrero de 2009

Enchente de 1983



Esta última aventura, a terceira da série, é sem dúvida alguma, a mais dramática e um fato marcante em nossa vida.
Já falamos do nosso doutorado, como uma grande aventura, da maratona de Barcelona como talvez o maior desafio que já enfrentamos, mas a enchente de julho/agosto de 1983 do Rio Iguaçu, quando éramos engenheiro do 4º DR/DER em União da Vitória no Paraná, ficou marcada em nosso mais subconsciente cérebro (não sei se no córtex ou no reptiliano...), a verdade é que jamais esqueceremos esses dias vividos em situaçao extremada pela catastrofe e de muita desolaçao.


Eu havia recém formado e iniciara minha atividade profissional na área de manutenção de rodovias no Departamento de Estadas de Rodagem do Paraná em uma de suas unidades Executivas o 4º Distrito Rodoviário. Ali, cuidávamos de uma malha rodoviária estadual e federal (através de convenio).

Em julho de 1983, as chuvas incessantes em todo o sul do Brasil, provocaram a maior enchente que se têm notícias do Rio Iguaçu e desalojou, desabrigaram e causaram mortes em toda a região de União da Vitória e Porto União.

As rodovias ficaram interditadas em diversos pontos e a cidade (União da Vitória) ficou isolada por 45 dias sem acesso rodoviário. Tudo chegava por helicóptero ou barco.

Como responsável pela manutenção rodoviária, tivemos trabalho incessante a nível emergencial, sobrecarregado pelo fato de que as instalações físicas do 4º DR, também ficaram todas sob as águas do transbordamento do Rio Iguaçu pelos mesmos 45 dias e nossos equipamentos, parte deles ali sob as águas ou mesmo presos entre dois pontos de interrupção nas rodovias.

Pela posição que tínhamos e pela gravidade da situação, fizemos parte de Defesa Civil e todas as tardes as 18:30 tínhamos reunião em um local improvisado na prefeitura municipal. Nosso próprio local de trabalho, transferiu-se para as instalações do Café Tropeiro (na entrada da cidade), que fora gentilmente cedido pelo proprietário (Sr. Odilon Passos) para tal finalidade e o escritório administrativo, foi materializado em uma casa de propriedade do mesmo DER, no centro da cidade onde as águas não atingiram.

Trabalhávamos das 6 da manha, até as 10 noite todos os dias inclusive sábados, domingos e isso foi por uns 3 meses a fio, pois baixadas as águas, os problemas persistiram e as soluções para os desabamentos, escorregamentos de barreiras, recalques de pista, etc., ficaram pendentes por um bom período, até que se puderam executar projetos e licitar algumas obras emergenciais.

Nossa juventude na época, não impediu que realizássemos essas duras tarefas e no final de tudo, serviu-nos, como já disse anteriormente, para forjar em nosso subconsciente um conjunto de valores aos quais, servem até hoje como referencia. Ao ver o tsunami ocorrido na Ásia, lembrei-me daqueles dias e dessas lembranças, imediatamente vêem os valores e a temporalidade das “coisas” e de nós mesmos...

1 comentario:

  1. e eu vivenciei tudo isso na epoca em minha casa abrigamos 2 familias hoje moro em lorena sp. mas nunca esqueci daquele terror.

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