jueves, 4 de junio de 2009

Mangue - Chico Science



Uma simples homenagem ao poeta Chico Science
Texto extraido do CD da Lama ao Caos 1994


Mangue - o conceito.
Estuário. Parte terminal de um rio ou lagoa. Porção do rio com água salobra. Em suas margens se encontram os manguezais, comunidades de plantas tropicais ou subtropicais inundadas pelos movimentos das marés. Pela troca de matéria orgânica entre água doce e a água salgada, os mangues estão entre os ecossistemas mais produtivos do mundo.
Estima-se que duas mil espécies de microorganismos e animais vertebrados e invertebrados estejam associados à vegetação do mangue. Os estuários fornecem áreas de desova e criação para dois terços da produção anual de pescados do mundo inteiro. Pelo menos oitenta espécies comercialmente importantes dependem dos alagadiços costeiros.
Não é por acaso que os mangues são considerados um elo básico da cadeia alimentar marinha. Apesar das muriçocas, mosquitos e mutucas, inimigos das donas de casa para os cientistas os mangues são tidos como os símbolos de fertilidade diversidade e riqueza.


Manguetown - a cidade.
A planície costeira onde a cidade do recife foi fundada é cortada por seis rios. Após a expulsão dos holandeses no século XVVII a (ex9 cidade “mauricia” passou a crescer desordenadamente às custas do aterramento indiscriminado e da destruição dos seus manguezais.
Em contrapartida o desvio irresistível de uma cínica noção de “progresso” que elevou a cidade ao posto de metrópole do Nordeste, não tardou a revelar sua fragilidade.
Bastaram pequenas mudanças nos “ventos” da história para que os primeiros sinais de esclerose econômica se manifestassem no início dos anos 60. Nos últimos trinta anos a síndrome da estagnação aliada à permanência do mito da “metrópole”, só tem levado ao agravamento acelerado do quadro de miséria e caos urbano.
O Recife detém hoje o maior índice de desemprego do país. Mais da metade dos seus habitantes moram em favelas e alagados. Segundo segundo um estudo de um instituto de estudos populacionais de Washington, é hoje quarta pior cidade do mundo para se viver.


Mangue - a cena.
Emergência! Um choque rápido ou o Recife morre de infarto! Não é preciso ser médico pra saber que a maneira mais simples de parar o coração de um sujeito é obstruir as suas veias. O modo mais rápido, também de infartar e esvaziar a alma de uma cidade como o Recife é matar seus rios e aterrar seus estuários. O que fazer para não afundar na depressão crônica que paraliza as cidade? Como devolver o ânimo deslobotomizar e recarregar as baterias da cidade? Simples! Basta injetar um pouco de energia na lama e estimular o que ainda resta de fertilidade nas veias de Recife.
Em meados de 91 começou a ser gerado e articulado em vários pontos da cidade um núcleo de pesquisa e produção de idéias pop. O objetivo é engendrar um “círculo energético” capaz de conectar as boas vibrações dos mangues com a rede mundial de circulação de conceitos pop. Imagem símbolo uma antena parabólica enfiada na lama.Os mangueboys e manguegirls são indivíduos interessados em quadrinhos, TV interativa, anti-psiquiatria, Bezerra da Silva, Hip-Hop, midiotia, artismo, musica de rua, John Coltrane, acaso, sexo não virtual, conflitos étnicos e todos os avanços da química aplicada no terreno da alteração e expansão da consciência.

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