miércoles, 3 de junio de 2009

Haja sofismo.



Disseminação de idéias e aceitação popular – o paradigma dos governantes sobre o transporte público.



Considerando o fato de que o povo curitibano viveu nas últimas 3 décadas, entre as decisões e o comando de dois “sofistas” que foram respectivamente prefeito da cidade e governador do estado por períodos alternados e que manifestam opiniões das quais julgam ter sempre total razão, selecionamos dois comentários de nossos ilustres mandatários:

O primeiro, Sr. Jaime Lerner, que ostenta a virtude de ser o criador do BRT, segue afirmando nos dias de hoje "que o sistema BRT de Curitiba, tem a mesma capacidade que o metrô de São Paulo" e que uma vez que transporta 300 passageiros (dado esse que está em contrário ao que determina a lei nº 12.597 de janeiro de 2008, que determina em 230 passageiros o limite dos bi-articulados) e que tendo uma freqüência de 30 segundos – assim transportaria algo como 36 mil passageiros por hora
[1] – outro dado inconsistente, pois a freqüência é de quando muito 1 minuto, já que as manobras de parada, abertura de portas, desembarque, embarque e retomada do movimento, demandam pelo menos 30 segundos, além do intervalo entre os veículos propriamente dito, assim, na verdade o número é algo de no máximo 13.800 passageiros/hora. Há que considerar porém, que na hora de pico, o sistema, no corredor Sul, atinge com 67 veículos por hora, a uma demanda de aproximadamente 38 mil passageiros, devido aos embarques e desembarques que ocorrem ao longo do percurso, neste momento a frequencia que é a máxima do sistema é de 50 segundos (67veic./hora).

O outro, nosso atual governador, Sr. Roberto Requião, pós-graduado em Planejamento Urbano com estudos providos pela Fundação Getúlio Vargas afirma que: “... o modelo de Curitiba se baseia no conceito do marquês de Soria na Espanha e que o sistema de Curitiba “aprende” com o modelo trinário da Finlândia, que é o princípio da cidade de Soria, localizada a aproximadamente 120 Km de Madrid e que este eixo trinário teria a responsabilidade da distribuição da água, da energia elétrica e da coleta de lixo e que a cidade teria um crescimento indefinido nos dois sentidos...”
[2].

Absolutamente nada disso é verdade. – A cidade linear de Arturo Soria y Mata, que nunca foi marquês, projetada e executada entre 1894 e 1903, na zona noroeste de Madrid e nao em Soria, com uma dicotomia de cidade e campo, tinha o perfil das cidades jardins (Ebenezer Howard), nada a ver com a Finlândia por tanto, mas na realidade o transporte, bem como os serviços públicos concentrava em um eixo ao longo do qual existia um bulevar e neste um “tranvía” (bonde) promoveria o deslocamento diário dos moradores. A Ciudad Lineal, segundo a maioria dos autores é o primeiro modelo de uma “cidade orientada ao transporte público”
[3].

[1] Entrevista ao “streetfilms” (http://www.streetfilms.org/archives/curitibas-brt/), em 31.03.2009
[2] Trecho do discurso do Exmo. Governador, proferido na abertura do 1º Seminário Internacional de Gestão Metropolitana – Curitiba, 27.07.2008
[3] As cidades orientadas ao transporte público formam um coletivo que colocam em destaque não só a necessidade de um planejamento coordenado da cidade e seu transporte público, senão, mais que ainda, idealizar normas e desenhos urbanos que se estruturem em função das redes de transporte público, direcionando a cidade a uma melhor condição de vida sustentável ou de sustentabilidade urbana.

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