sábado, 4 de abril de 2009

Almendrales Floridos


Los almendros floridos já são realidade faz algumas semanas e a primavera é de verdade a estação do ano. Assim, depois de um rigoroso inverno, Madrid, já volta a dar as caras de sempre: - Um verão abrasador, onde as temperaturas castigam e a umidade é extremamente baixa. Aliás, no primeiro verão, o de 2005 que passamos integramente por aqui, no talvez único, mas sem dúvida o primeiro dia de chuva, Joyce e eu, saímos à “calle”, para nos molharmos com ela: Isso mesmo! Eu lembrava muito a um antigo vídeo-clipe (que na verdade é anterior ao Thriller do Michael Jackson citado sempre como o primeiro), que cantava o Jorge Bem (antes de ser Benjor) ...todo mundo no meio da rua no meio da chuva, a girar, que maravilha a girar...

Mas que nada, sai da minha frente que eu quero passar... hehe, essa segue sendo a tônica da grande cidade. Madrid, que eu adoro, é assim, pois é uma grande cidade (a de nº 50 no planeta), ainda que ao mesmo tempo parece um “pueblo”, pois as pessoas, especialmente, os mais idosos, não apenas te dão uma informação, sobre onde fica isso ou aquilo que queremos encontrar, quase literalmente, nos levam ao local, e assim sendo uma matrópole, tem essa pinta de KOYAANISQATSI
[1] (o mundo em desequilíbrio)...

Que seria um mundo equilibrado? Não sei responder. Penso que talvez, nunca tenha havido. Sempre houve os poderosos e os submetidos a esse poder. Em diferentes níveis de “apoderamento”
[2], mas enquanto, a luta pela vida se dava a golpes de espada e quem tinha um cavalo era cavaleiro, era mais honesta do que as atuais contas bancárias e os colarinhos brancos. Quero dizer: - Os almendrales floridos, sempre existiram nas primaveras e as gotas de chuva no tórrido verão, sempre foram motivos para girarmos na rua, bem com o poder sempre exerceu uma tremenda pressão sobre os seres humanos, mas assim como é hoje, honestamente não dá!

No Brasil, infelizmente, somos “muy borregos” e seguimos impassíveis a todo o tipo de forças sobre nós. Uma coisa eu aprendi por aqui: - Protestar. Já dizia por aí o sábio “Raulzito”
[3] que prá fazer música de protesto todo mundo tem que reclamar, aqui, um aumento do transporte público como foi o de Curitiba agora a pouco, teria sido uma batalha campal de proporções sociais e econômicas que jamais haveria justificado o aumento, quero dizer, carros incendiados por toda a cidade, ônibus depredados e choques entre a população e a polícia por pelo menos uma semana, todos os dias...

Assim, prefiro ser essa metamorfose ambulante... do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.... e mesmo com dias de “verano” tórrido, seguir vivendo onde nossos direitos valem um pouco mais e a cultura (inclusive a de protestar até a morte) da lugar à imbecilidade e a perplexidade passiva da aceitação dos poderosos.



[1] Godfrey Reggio diretor de cinema – Trilogia de filmes (Koyaanisqatsi, Powaqqatsi, y Naqoyqatsi) sobre a situação desgovernada do mundo moderno.

[2] Apoderamento é do Español apoderado, que significa exercer poder sobre alguém ou algo.

[3] Apelido do Raul Seixas

1 comentario:

  1. Beto, saio para ver a Sakura florida, nos tradicionais Hanami, hana=flor e miru=olhar, passear olhando as flores, fazer piquenique nos parques, beber a vida, pela vida, com a vida. Não se sabe nos parques quem é periférico, quem é funcionário público e ninguém vem de carro. Tóquio é uma festa nessa época mas o clima ainda é de "tempo nublado, sujeito a chuvas, temperatura por volta de 10 graus Celsius". Não há protestos, os preços do transporte não sobem há décadas, mesmo com o petróleo e o dólar oscilando como em qualquer lugar. Os políticos metem a mão, são desmascarados e se matam (vide http://blog.ciffoni.com.br/2009/02/28/renuncia-e-suicidio-de-ministros-japoneses/).
    Abraços,
    Helio

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