Ontem participei de uma Jornada organizada pelo Club
de Roma, com a participaçao do Ministerio de Agricultura, Alimentación y Medio
Ambiente (MAGRAMA) e a colaboraçao do Observatorio de la Sostenibilidad en
España (OSE). O tema era “Río+20
y el Desarrollo Humano”, onde se apresentava um painel do visto e não visto e
das repercussões havidas neste encontro internacional.
Ficou evidenciado o fracasso das instituições na
tentativa de estabelecer critérios e marcos reguladores para as questões ligadas
ao Meio ambiente e as repercussões sociais e econômicas produzidas pelos países
ricos e tacitamente absorvidas pelos países pobres. Ficou patente a máxima do
Chico Science que “o de cima sobe e o debaixo desce”... Fala-se muito em geração
de empregos verdes e na economia verde, mas não se levanta a questão do “greenwashing”
em momento algum.
Temos alguns paradigmas, que são o incremento do
consumo energético percapita e o incremento da população urbana, que, por
conseguinte, levam ao aumento da “huella ecológica” e da geração dos gases de
efeito estufa (GEE’s) entre outros que acarretam nos problemas que se estão
verificando como o aumento da temperatura global, o aumento do nível dos mares
e a diminuição da superfície gelada no planeta.
As cidades já não produzem mais nada quase do que
consomem e o campo tem visto diminuída sua população. Existe um atrativo nas
cidades que é o consumo. Ninguém mais quer lavrar a terra e plantar seus
tomates ou cuidar de suas galinhas, mas todos queremos tomar coca-cola gelada e
passear em um carrão bacana, preferencialmente de mais de 200 HP’s de potencia –
quando bastariam 20 ou 30 – alem de ter um i-phone e vestir dependendo do seu
estilo pessoal ou sexo a Calvin Klein ou Hugo Boss ou ter uma bolsa Luis Vuiton
ou uma sandália Laboutin por exemplo...
Quem sabe o trio industria automobilística,
construtores (de estradas) e petroleiras, sejam o extremo deturpador das
sociedades, que manipuladas pela ideologia dominante, já não mais conseguem se
reorganizar e fazer com que os governos atuem de forma democrática – de baixo
para cima ou das bases para a cúpula governamental. Estes querem e introduzem
nas sociedades o pensamento cartesiano, que vê no planeta um infinito de
possibilidades e não o esgotamento de recursos jamais.
Seguem, esses governos sendo tão inócuos às vezes e
contraditórios em outras ocasiões, que não conseguem mais discernir a
realidade. Apostam por geração de emprego, mas facilitam a automação e a robotização.
Propõe a eficiência energética e a renovaçao de equipamentos domésticos, automóveis,
etc., mas não vêem que a produção de novos produtos implica em processos
industriais que demandam muitas vezes elevados consumos energéticos, quando na
verdade deveriam desestimular o consumo e propor a redução da demanda
individual, sempre crescentes na atualidade.
O trabalho formal está condenado ao fim. Os
sistemas de previdência social, criados através dos fundos de contribuição dos
trabalhadores para fazer frente às aposentadorias daqueles que houvessem
chegado a um idade ou a um certo período de cotização, já não são mais
instrumentos validos para a sociedade atual e futura, que terão que se
reinventarem para um dia poderem deixar os afazeres diários e terem tempo para
si mesmos e poderem descansar um pouco em suas velhices.
Na jornada, foi apresentado por Dª Teresa Mª Mendizábal,
VP do Club de Roma – Capitulo Español, uma sinopse do livro “2052 a Global
Forecast – to the Next Forty Years” que é a formatação de cenários críticos
sobre as questões principais orientadas segundo 5 eixos temáticos e na verdade são
simulações e modelações de algumas variáveis.
A mensagem poderíamos talvez sintetizar no que nos
diz Carlos Joy no contexto do livro que talvez na segunda metade do século XXI,
identificaremos o termo Sustentabilidade
como sendo Sobrevivência e que teremos que ver o futuro, como um mundo que pode
não ser tão belo quanto o que desejássemos, nem tão bonito como o atual, mas
que poderia vir a ser um mundo mais sociável talvez...
...E enquanto isso, os urubus passeiam entre os
girassóis...