viernes, 30 de marzo de 2012

Reflexao de um filho...



Meu filho, publicou no facebook e me enviou por e-mail.
A reflexão é bastante pertinente e particularmente me alegra a atitude que estão tomando.


Eu e minha mulher estamos deixando o país.


Um dos motivos é o estranho momento pelo qual estamos passando. A evolução
econômica das últimas décadas tem sido muito boa. Crédito abundante para o consumidor e desespero para alguns empreendedores que não conseguem competir com produtos importados. A tal da desindustrialização. A corrupção e o inchaço do Estado também evoluíram em proporções crescentes. Trabalhadores e operários não tem fôlego para capacitação técnica e educação decente. O governo não consegue atender ao cidadão, delegando a responsabilidade a instituições de ensino privadas. São raras as escolas públicas, principalmente as de formação básica, que atendam à demanda com um serviço digno de respeito. E os custos do estudo privado estão pela hora da morte, brigando pau a pau com as novas demandas da classe média: iogurte, carro e a casa própria, atualmente com preços mais altos do que Miami. Esse puxão econômico movimenta milhões de pessoas para o centro da pirâmide ao mesmo tempo em que marginaliza outros tantos, criando uma falsa sensação de impotência, de carência e desejo pelo consumível, pelos bens dos outros. Onde eu moro a falta de segurança é evidente na altura dos muros das casas, que só vem aumentando década após décadas. Na minha opinião, a última fronteira. O Estado delegou a responsabilidade do convívio pacífico à sociedade civil. Câmeras de segurança, cerca-elétrica e vigilantes 24/7. Cadeados e o velho amigo cão já não são mais suficientes. Falar da saúde é bater em gato morto. Quais de vocês, amigos facebookers™, utilizam o serviço público de saúde? Seja particular ou da firma, um planinho Unimed é sempre bem-vindo. Não! É obrigatório. Como se não bastassem as altas taxas tributárias, empresas são coagidas a assumir mais esse fardo, que é traduzido como se fossem excelentes benefícios para seus funcionários, deixando a arrecadação de impostos à disposição do governo para pintar e bordar a vontade. Não lembramos de raciocinar sobre o significado da palavra “impostos”.

Um capítulo a parte merceria a internet brasilis. Um container de merda. Uma realidade nada virtual. Vídeos gospel, fotos do sol, funk e putaria. Os blogs mais pops são tão geniais quanto. Não discutimos nada com profundidade. Baixamos a cabeça e seguimos em frente. Mas tudo bem, aqui é assim mesmo, não é uma queixa. Temos que trabalhar para pagar as contas da escola, o plano de saúde e a empresa de segurança. Ah, e manter o emprego. Mas dar uma risadinha e ver mulher pelada é saudável. Desopilação funcional.

Escutamos pela Globo que a Europa vive uma crise tremenda.
E, sem dar polimento ao desgastado argumento crise/oportunidade, quero dizer que acredito profundamente que períodos conturbados são ritos de passagem. O funil do trabalho está promovendo uma seleção natural de talentos. Não sei se estou preparado pra isso. Quer dizer, muito mais do que há 11 anos. Mas estou curioso. Instigado pela competição mais dura, menos confortável.

Mas os motivos da mudança não são apenas esses. Em Curitiba o céu de brigadeiro traz tempos de vacas gordas. Hora de “hacer como la hormiga” e capitalizar. Investir. Amplificar os ganhos. Culturais, sem dúvida. Financeiros? Vou lá para descobrir com minhas próprias mãos.

E também sair um pouco do circuito Batel-Champagnat-Mercês. Sair um pouco do circuito.
Colocar o bulbo numa sintonia diferente. Jogar a velharia fora e criar espaço novo nas gavetas.

A partir de hoje, oficialmente desempregado e desconectado.
Mão pra cima e vento na cara. Bilhete da monta-russa carimbado.

jueves, 8 de marzo de 2012

30 anos "de-formado"


Ontem, sete de março, há 30 anos (1982) foi a minha formatura como engenheiro civil.

Éramos jovens engenheiros entrando em um mercado de trabalho bastante obscuro. O Brasil vivia o fim da ditadura militar e o início da transição à democracia, mas ao mesmo tempo uma situação econômica das mais drásticas.

Passado este tempo todo, creio que foi muito positivo todo o aprendizado acadêmico, mas ao mesmo tempo, posso afirmar que a vida em si nos ensina mais sempre que as equações diferenciais e as integrais que a matemática nos faz compreender.

Como profissionais, por este tempo todo, já não temos também mais desejos disso ou daquilo. Fui funcionário público por 10 anos e inconformado com a submissão destes aos políticos eleitos para aceder a cargos maiores me tornei empresário por outros 10 anos e ali vivi o maior calvário com toda a maracutaia inerente a isso (ações trabalhistas, falta de crédito, inflação que desvalorizava os contratos, morosidade dos contratantes frente aos serviços prestados, etc.). Os últimos 10 anos foram de reflexão e trabalho temporário (já na Europa).

Agora, me considero retirado. Só vou dedicar-me a trabalhos pontuais e interessantes. A final a deformação do nosso estado anímico foi tal, que já não temos mesmo nem ânimo, nem o desejo de fazer isso ou aquilo, nem mesmo as pretensões de ganharmos grana com nosso conhecimento.