viernes, 26 de agosto de 2011

Competência, e não auto-estima




Um amigo me enviou este artigo, que tem tudo a ver com meu pensamento sobre os valores como o ser, o ter e o parecer.

A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional. Em "Heróis de Verdade", o escritor combate a supervalorização das aparências... Trechos da entrevista...

O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.

Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem.

Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos).

A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é: instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.

miércoles, 17 de agosto de 2011

Inferno Astral


Vivo me perguntando: Como seria o mundo se nada houvesse acontecido?...Isso mesmo... Penso que o pós-modernismo marcado pelos ícones do neoliberalismo (leia-se Margareth Tatcher – a Dama de Ferro – e Ronald Reagan – o Cowboy), cujas propostas foram favoráveis ao crescimento exponencial do consumo, que desde a metade do século XIX já vinha aumentando de forma irracional, irrompeu com o que hoje estamos pateticamente assistindo.

Não temos mais nenhum poder para fazer nada. As três forças econômicas que estabilizaram a sociedade – Capital terra e trabalho – já nada mais significa. Marx sem dúvida sabia disso quando postulou “As novas considerações sobre a produção da mais valia.”

O Capital tornou-se volátil e virou um ente financeiro, que com as bolsas, hoje estão cá e amanha lá, porém sempre nas mãos dos mesmos. A terra, ainda que possa (sobre tudo quando urbana) ser um valor especulativo – e juntamente com as finanças jogarem um papel daninho à sociedade em geral – deixou de representar um ativo e passou a ser um valor de acumulação apenas (me corrijam os marxistas se estou equivocado) – e o trabalho cujo salário deixou de representar a força produtiva e passou a representar o valor agregado à capacidade de geração financeira e que cada vez mais vemos sendo diminuído em quantidade e igualmente em qualidade embora cada vez mais especializado.

O mundo “se há vuelto loco”. Estamos caminhando em disparada em direção a um abismo e não nos estamos dando conta disso.

Queremos ter o “mais”. Nosso celular tem que ser o iPhone10. O 4 já não basta é obsoleto. Temos que ganhar muito dinheiro e sermos jovens eternamente!. Temos que conquistar à mais bela de todas as mulheres do mundo e depois traí-la com outra não tão bela, mas mais sedutora...joder!!!...

As mulheres, tomando frente aos negócios e deixando de constituir famílias – sim pois a sociedade demanda para ter um “bom padrão” que o casal trabalhe: A final pagar a hipoteca da casa própria (sempre bem localizada e com todo o “mais” moderno inovador e confortável), ter dois carros de alta gama (afinal de contas é para isso que trabalhamos) os filhos em um bom colégio...ah...os filhos...sim...esses passam a vida sendo tutelados por terceiros: as empregadas domésticas e as babás, que evidentemente provêem de classes sócio-culturais inferiores... ou em caso dos estados socialmente avançados, nas “guarderías” onde pessoal especializado (pedagogos, psicólogos, etc...) é que vão moldar o caráter destes que deveriam ser o centro de nossa atenção!

Falamos em drogas, em homossexualismo e vamos achando tudo isso natural – claro estamos fugindo das responsabilidades da “criação” dos filhos – e não que isso seja o fim do mundo, mas a questão é que somado às “crises” manipuladas pelo poder do capital, tornam a família ainda mais vulnerável.

O trabalho vem diminuindo pela substituição do homem pelas máquinas e pela inteligência artificial. Os sindicatos – pobres vítimas do processo, que ficaram plantando cara ao mundo socialista e não se deram conta da arapuca que o capital lhes pregava – agora nada mais podem fazer, que não lutar pela manutenção da jornada semanal de 40 horas e ceder algo no que toca às aposentadorias aos 67, 70 – quem sabe logo aos 90 anos! – e quero saber quem é que aos 50 anos (mesmo sendo “doutor” ou expert em seja lá o que for) uma vez desempregado consegue voltar ao mercado de trabalho.

Tomara que a crise se torne mais aguda. Que a economia sucumba de vez e que só os 5 ou 10 banqueiros e seu filhotes (petroleiras, telecomunicações, construtoras, industria fármaco-médica, etc...) sobrevivam, assim os alvos da indignação dos mortais será mais visível. Então, finalmente, a cortina de fumaça que hoje nos turva a visao, deixará de existir e conseguiremos identificar o mal e poderemos ir por ele!